Na semana em que o país explodiu de confete e serpentina, uma polêmica reverberou na minha massa encefálica sobre estudo de suposto aumento pela procura por testes anti-aids após o carnaval.
O trabalho desenvolvido em um serviço de saúde da Universidade Federal Fluminense (UFF) afirma que o carnaval não é suficiente para aumentar a procura pelos testes anti-HIV. Contestado pelo epidemiologista Pedro Chequer, atual coordenador do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre o HIV e Aids (UNAIDS) no Brasil em artigo para a Folha de S.Paulo, os dados apresentados não refletem a realidade nacional.
Passos e Arze, pesquisadores da UFF, afirmam que “quem está em risco para as doenças sexualmente transmissíveis (DST) no carnaval, também está durante todo o ano”. Em oposição, Chequer rebate afirmando que segundo dados do Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids de São Paulo, foi notado “um aumento de casos confirmados de DST nos meses de março e abril entre os anos de 2006 e 2007”.
“Nem a pesquisa da UFF recém-difundida nem os dados que ora apresentamos podem ser utilizados para inferência externa. Ou seja, os dados não representam o que se passa em outros serviços de saúde ou Estados do Brasil. Extrapolar essas realidades locais para o nível nacional seria ingenuidade científica, carente de fundamentação epidemiológica”, alerta o coordenador do UNAIDS no Brasil e ex-diretor do Programa Nacional de DST e Aids do Ministério da Saúde.
Em Genebra, o diretor-adjunto de Iniciativas Globais do UNAIDS, Louis Loures, entendeu que devia apoiar as iniciativas brasileiras, como a distribuição de preservativos e a produção de campanhas de massa preventivas. Para Loures, a iniciativa brasileira é tradição nacional. “Sem dúvida nenhuma, a distribuição de camisinhas [no Brasil] tem um impacto e é parte da resposta brasileira. E a resposta brasileira é talvez hoje a melhor resposta de aids no mundo”, afirmou em entrevista à Rádio ONU.
Bueno, pelo sim, pelo não, o melhor ainda continua a distribuição da camisinha e, sobretudo, o seu uso em todas as relações sexuais. Afinal, prevenir é infinitamente mais fácil e econômico do que remediar.
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