sábado, 24 de outubro de 2009

Um beijo contra o preconceito

O Ministério da Saúde começou a escolher, nesta semana, dois casais sorodiscordantes para protagonizarem a campanha “Viver com AIDS é possível. Com o preconceito não.” As frases-slogan vão apresentar as peças publicitárias que serão produzidas em alusão ao Dia Mundial de Luta contra a AIDS, no próximo dia 1º de dezembro de 2009.

A campanha vai abordar o preconceito que grande parte da sociedade brasileira ainda nutre pelas pessoas soropositivas para o HIV. O que parece contradição diante dos resultados de pesquisas que mostram que a maioria das pessoas sabem como se pega e como não se pega AIDS e que o uso de preservativo é ainda o único método seguro para se ter uma vida sexual ativa sem enfrentar o risco de se infectar com o vírus.



Para combater o preconceito, as peças da campanha usarão imagens de beijos, símbolo de amor e amizade, que no campo da Aids assume outras conotações. Segundo explicação no texto divulgado nesta semana pela Unidade de Articulação com a Sociedade Civil e Direitos Humanos (SCDH) do Departamento de DST/AIDS e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, “o beijo mostra que não se transmite o HIV dessa forma, que pessoas que vivem com HIV/aids podem e devem se relacionar, que a solidariedade precisa ser praticada”.

Preconceito é uma ideia, sentimento ou opinião, favorável ou desfavorável, (pré)concebido sem exame crítico. A discriminação decorrente do preconceito é todo ato de exclusão, de situar alguém ou alguma coisa à margem. Segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, é “tratar mal ou de modo injusto, desigual, um indivíduo ou grupo de indivíduos, em razão de alguma característica pessoal, raça, etnia, classe social, convicções etc.”.

Segundo a SCDH, o slogan da campanha “exige que a criação dos materiais conte com personagens da vida real”. Por isso a seleção dos casais sorodiscordantes, aqueles nos quais um dos parceiros (as) sexuais é soropositivo (a) para o HIV. Eu mesmo ajudei a divulgar o recrutamento nas listas que participo porque acredito que a participação e o protagonismo das pessoas que vivem com HIV transmite credibilidade para mostrar que essa realidade é possível.

Para os fôlderes e cartazes que serão veiculados em trens e estações urbanos e de metrô em âmbito todo o Brasil, inclusive com vídeo produzido para exibição nos cinemas e na TV, serão selecionados três casais heterossexuais e para a gravação do vídeo e servirem de modelos nos outros materiais. Também serão selecionados dois casais homossexuais para a produção de outro material gráfico, dirigidos especificamente para homossexuais masculinos, com veiculação restrita. Entre as opções de casais, apenas um casal heterossexual será escolhido para protagonizar a campanha e outro homossexual para protagonizar as campanhas gráficas dirigidas.



A campanha tem forte inspiração no trabalho desenvolvido pelo artista plástico brasileiro Vik Muniz, radicado em Nova York, que no último dia 20 de setembro reuniu cerca de mil pessoas vivendo e convivendo com HIV e AIDS em um ginásio de esportes de Guarulhos, cidade da região metropolitana de São Paulo, fotografadas com grandes cartões fotográficos formando enormes painéis que retratavam beijos entre pessoas sorodiscordantes (nas fotos desta postagem, de Magda Fernanda/ASCOM). Ainda que o trabalho tivesse por objetivo produzir uma obra para doação a um museu de arte brasileiro, ele também deve compor a campanha.

Até quinta-feira (22/10) os casais sorodiscordantes interessados que tivessem entre 27 e 45 anos e um tipo físico tipicamente brasileiro (mais para o moreno que para o loiro, branco e com olhos azuis) puderam enviar fotos para a Assessoria de Comunicação (ASCOM) do Departamento de DST/AIDS e Hepatites Virais. Seria bem interessante que os casais escolhidos pudessem representar toda a faixa etária delimitada, principalmente a que está em torno dos 40 anos, não contemplada na campanha do “Clube dos Enta”, no ano passado.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

PVHA participam de campanha latino-americana sobre AIDS

A América Latina é o terceiro continente com as maiores incidência e prevalência de AIDS no planeta, só perdendo para África e Ásia, respectivamente. Por isso, uma parceria entre 13 emissoras de televisão de 13 países latino-americanos lançou nesta quarta-feira, 13 histórias de pessoas que vivem com HIV e AIDS (PVHA) no continente, com a campanha “Paixão pela Vida”.

Das 13 histórias contadas, três são de brasileiros: o ator Cazu Barroz, que vive com HIV há 20 anos e foi protagonista da Campanha do Dia Mundial de Luta contra a AIDS do Ministério da Saúde em 2007, a dona de casa Jucimara Moreira e a educadora e atriz Cilene Sá. Todas as histórias têm o mesmo formato: vídeos de 30 segundos e de um minuto, além de spots para rádio.

No Brasil, “Paixão pela Vida” tem o apoio da Rede Globo de Televisão, uma das fundadoras da Iniciativa de Mídia Latino-Americana sobre AIDS (IMLAS, na sigla em espanhol). A iniciativa, criada em janeiro deste ano por uma coalizão das 13 maiores emissoras de radiodifusão na América Latina, tem apoio do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS), do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Fundação Huésped, The Kaiser Family Foundation. Lançada fevereiro, a IMLAS tem por objetivos fortalecer e aumentar a efetividade da contribuição dos meios de comunicação, em resposta à AIDS, além de desenvolver uma resposta coordenada da mídia.

A campanha, que pretende fazer parte de uma resposta da América Latina ao HIV pode ser vista no site Paixão pela Vida, onde podem ser assistidos aos vídeos, acessadas as histórias pessoais, baixar wallpapers, jogar games online, buscar informações sobre o HIV e a AIDS e os locais para fazer o teste que detecta anticorpos para o HIV no sangue.

Assim como as emissoras de radiodifusão e os demais parceiros, esperamos que essa resposta latino-americana possa contribuir para diminuir a incidência de HIV na região.