sábado, 5 de dezembro de 2009

Beijo polêmico, mas cidadão

O Jornal da Band, da paulista TV Bandeirantes questionou na quinta-feira (03) o filme publicitário da campanha que o Ministério da Saúde produziu para o Dia Mundial de luta contra a AIDS, lançada em 1º de dezembro. O beijo entre um casal heterossexual (um homem e uma mulher) sorodiscordante (ele tem HIV e ela não), repercurtiu mal no Morumbi, bairro da classe média alta paulistana onde a emissora está localizada.

A possibilidade de transmissão do HIV pelo beijo é mínima. Pode ocorrer apenas se as duas pessoas estiverem sangrando (será que alguém cogitaria beijar outra pessoa com sangramento? Será que é grande a probabilidade de duas duas pessoas com sangramento beijar-se?).

No vídeo abaixo, a reportagem do Jornal da Band.


A campanha
O beijo está inserido em uma das mais sensíveis e corretas das campanhas do Ministério da Saúde sobre HIV. Pelo menos na minha opinião, que defendo, como as professoras Inesita Araújo e Janine Cardoso, ambas do ICICT/Fiocruz, que saúde não deve ser "vendida" como uma nova marca de tênis, de automóvel ou o lançamento de um apartamento. Saúde não é comércio, é um direito humano fundamental.

As pessoas que vivem com HIV/AIDS (PVHA) têm o direito de não sofrer preconceito ou discriminadas na rua, como aconteceu com o ator Cazu Barroz nesta semana num ônibus em Copacabana, no Rio. Cazu foi um dos protagonistas do filme de campanha similiar, produzida em 2006, e é um dos três brasileiros em recente campanha que o UNAIDS lançou em toda a América Latina.



Da mesma forma, a população têm o direito fundamental a informações corretas sobre saúde (beijo, abraço, convívio social e afetivo não transmitem o HIV). É obrigação constitucional do Ministério da Saúde comunicar à população as informações científicas de forma clara e compreensível para o maior número possível de pessoas. Isso também é cidadania.

Ah, os outros filmes que gostei foram os produzidos para a campanha do Dia Mundial de luta contra a AIDS de 2006, com os também PVHA Beatriz Pacheco e Cazu Barroz, os quais tive a honra de colaborar, enquanto estive no Grupo de Trabalho de Comunicação do Departamento de DST/AIDS e Hepatites Virais do Ministério da Saúde.