quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Brasil marca Dia Mundial de Luta contra a Aids

O Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde lançou na manhã desta quarta-feira (01/12), campanha em alusão ao Dia Mundial de Luta contra a Aids. A campanha estreia hoje no intervalo do Jornal Nacional, na Rede Globo. Abaixo, o vídeo.



Também foi disponibilizado o vídeo do making off das fotos que 15 jovens que vivem com HIV/AIDS fizeram com artistas de renome nacional, como Rodrigo Santoro, Reynaldo Giannechini e Adriana Esteves, entre outros.


Além disso, o diretor executivo do Programa das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) fez questão de passar o dia de hoje no Brasil. Em Brasília, Michel Sidibé prestou homenagem ao presidente Lula, pelo pioneirismo brasileiro no combate à epidemia. Ontem, o UNAIDS divulgou vídeo intitulado Words and Actions (Palavras e Ações). Produzido em inglês, mas de fácil compreensão o programa das Nações Unidas tem sublinhado as palavras "prevenção" e "revolução", em alusão à revolução que a sociedade pode fazer na prevenção do HIV. Vale a pena ver o vídeo.


Aos 30 anos, o HIV foi o vírus que mais cedo obteve respostas em toda a história da ciência. Entretanto, sua virulência talvez pudesse ter sido menor se a própria ciência não tivesse, a princípio, rotulado a Aids como uma doença de homossexuais, usuários de drogas injetáveis, profissionais do sexo, haitianos e, posteriormente, de hemofílicos.

É desse rótulo a responsabilidade pelo estigma provocado pela síndrome e muito ainda teremos de trabalhar para que o estigma seja minimizado. Entretanto, ficam algumas palavras do diretor do Departamento de Aids do Ministério da Saúde, que vi agora à tarde na Globonews: "Ninguém fala mais em risco. Ninguém mais se vê em risco. As pessoas olham para outras, bonitas, limpinhas e bem vestidas e não acreditam no risco ao qual se colocam".

As frases são excelentes. Basta que não confundamos risco de infecção pelo HIV com grupo de risco ao HIV, o que são conceitos completamente diferentes. Como gosto de dizer, "amor e paixão não protegem ninguém. Mas a camisinha protege". Tente você também.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Artistas posam com jovens com HIV contra o preconceito

Nesta quarta-feira, dia 1º de dezembro, o Ministério da Saúde lança mais uma campanha em comemoração ao Dia Mundial de Luta contra a Aids, o que se tornou um bom motivo para atualizar o blog, que desde junho não tem atualização.


Na segunda semana de novembro, artistas como Bruno Gagliasso, Adriana Esteves, Reynaldo Gianecchini, Cauã Raymond, Graziela Massafera, entre outros, posaram para fotos com 15 jovens de todo o Brasil que vivem com HIV e Aids. Os artistas foram fotografados em cenas de abraço, de beijo, enfim, de afeto, e representam proximidade e solidariedade. A ideia é demonstrar que amor, carinho e respeito não transmitem Aids. As fotos da campanha resultarão numa exposição itinerante que vai percorrer o país, a começar por Brasília e Fortaleza.


Com o tema “Somos Iguais. Preconceito não”, a ação visa desfazer mitos da população brasileira, revelados nacionalmente por meio de pesquisa do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, sobre comportamento sexual da população brasileira, segundo a qual 13% acreditam que uma professora portadora do vírus da Aids não pode dar aulas em qualquer escola, 22,5% afirmam que não se pode comprar legumes e verduras em um local onde trabalha um portador do HIV, e 19% acreditam que, se uma pessoa de uma família ficasse doente de Aids, não deveria ser cuidada na casa da família.


Aos nove anos ela contraiu HIV porque ainda tomava o leite da mãe. Amanda Andrade (na foto, com Reynaldo Gianecchini), de 18 anos de idade, é moradora de Florianópolis (SC). Ela perdeu a mãe por conta da Aids, trabalha, tem namorado e leva uma vida como a de qualquer jovem. Hoje nem toma mais antirretrovirais, pois sua carga viral está em níveis estáveis.


Por ano, são registrados cerca de oito mil casos de Aids em jovens de 13 a 29 anos. Embora tenham a doença, têm também vida e muitos desafios pela frente. Conseguir um trabalho, manter os laços de amizade com os familiares e amigos e serem enxergados como qualquer jovem e não como diferentes. (Fotos: Magda Fernandes / Ascom-Aids)

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Jogo online do Yahoo doará até US$ 100 mil contra a Aids na África

Hoje foi o dia da abertura da Copa do Mundo. Por isso, com sua ajuda, o Yahoo! fará uma super contribuição para a campanha (RED)™ para combater a epidemia de Aids na África. Isso acontecerá por meio do jogo online Yahoo! Penalty. Para cada gol marcado nesta sexta, dia 11 de junho, o Yahoo! fará uma contribuição de 1 dólar (até o limite de US$ 100 mil) para a campanha contra a Aids em toda a África.

O jogo inovador deixa você brincar de bater pênaltis com outros usuários do Yahoo! do mundo todo. O jogo é gratuito e continuará durante a Copa. E ao final da competição online, os dois líderes mundiais na pontuação viajarão para o Rio de Janeiro, Brasil, para competirem em uma disputa de pênaltis ao vivo com o famoso goleiro inglês David Seaman, em busca do Passaporte Yahoo! Esportes, que dará direito a passagens e ingressos para jogos nos próximos quatro anos até a Copa do Mundo no Brasil, em 2014.

Você pode acessar o jogo pelo link http://bit.ly/brjoinred. Divirta-se a vontade para ajudar na campanha. Faça bons gols.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Como vai a vida?

Aproveito o tempo de ida e volta entre o Rio e Brasília para atender ao pedido do Francisco, um leitor que na página mais visitada destas SaudAids pediu que eu contasse como anda minha vida, os resultados dos meus exames, essas coisas. As respostas a dúvidas sobre Aids, que publiquei em 01 de abril de 2008, é a postagem mais visitada do blog, primeiro resultado no “oráculo” Google para a pergunta “quanto tempo vive uma pessoa com HIV” e correlatas. É também a página que mais me dá trabalho aqui. Dificilmente uma semana se passa sem que eu receba um e-mail avisando que há uma nova questão a ser respondida naquela postagem.

Quem entra só pelo endereço do blog pode até pensar que ele foi abandonado, o que não corresponde à realidade. É verdade que ele está meio abandonado. Meio. Como leitores mais assíduos sabem, estou fora de São Paulo, cidade onde nasci e morei até agosto do ano passado, quando vim fazer um mestrado no Rio.

PG
Muita coisa mudou nesse tempo. Mudei bastante a alimentação. Da comidinha e o suquinho religiosos da mamãe pra almoços e jantares sem hora muito certa e comida em pé entre uma aula e outra. Intermináveis viagens noturnas do Rio a São Paulo e vice-versa. Sair de uma aula no Rio às 5 da tarde de uma quinta-feira, pegar um ônibus às 6, chegar a uma da madrugada em Sampa. Depois, voltar no último ônibus da madrugada de terça, chegar pela manhã no Rio com a avenida Brasil congestionada, passar em casa e ir direto pra aula...

Ainda que essas viagens não sejam tão constantes assim, elas cansam... E não representam, de forma alguma, um final de semana prolongado em casa. Até pode ser prolongado. Mas os textos e livros vão junto porque preciso participar das aulas. Agora, as viagens ficarão ainda mais raras, já que estou cumprindo créditos no laboratório de Comunicação e Saúde, aprendendo a coletar dados secundários em pesquisa. Mas o que importa é que estou feliz, apesar da correria.

Saúde
Aliás, como a correria de hoje. Como represento a Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/AIDS no Grupo Temático ampliado do Programa Conjunto das Nações Unidas (UNAIDS) no Brasil, a cada três meses tenho de fazer uma maratona como a de hoje: acordar às 5h30 para estar no aeroporto uma hora depois e pegar o voo das 7, 7h30 para Brasília, onde tenho duas reuniões e volto no mesmo dia.

Chego 10, 11 da noite em casa, morto de cansaço. Mas é minha função como representante de uma rede nacional. O problema é que ainda tem pessoas que dizem que a gente não faz outra coisa senão “bater cabelo” pelos aeroportos do país afora.

Diante desse panorama, era de se esperar que minha saúde estivesse ruim. Não está. Nem é das melhores. Mas não é das piores. Da última vez que fiz meus exames de rotina, o CD4 estava na faixa dos 600. A carga viral que tinha subido. De indetectável (menor que 50 cópias), passou para 57 cópias. Apesar da falta de regras alimentares, o colesterol estava baixo. Só o triglicérides que havia subido um pouco. Mas minha médica disse que só iria considerar se na próxima bateria de exames as taxas se mantivessem altas. Ah, isso sem contar a vida sedentária, sem exercícios físicos, um agravante não recomendável. Os próximos resultados dirão.

Love, love, love
Já fiz essa bateria de exames, mas só volto ao médico em 25 de junho. Aliás é outra coisa que mantenho em Sampa: meu tratamento. O Rio é caótico em matéria de assistência às pessoas que vivem com HIV/AIDS. Hoje propus à diretora do Departamento de Aids do Ministério da Saúde que promovesse uma recentralização da assistência em Aids no estado do Rio de Janeiro.

Pra você ter uma ideia, há algumas semanas o jornal O Dia publicou que nos serviços de Aids de Copacabana e do centro da cidade, na capital carioca, cinco infectologistas deveriam atender 5,5 mil pessoas cadastradas, o que dá cerca de 1,1 mil pessoas em seguimento clínico por um especialista. Isso significa que num mês de 20 dias úteis, um médico tem de atender a 27,5 pessoas que vivem com HIV/AIDS por dia, levando em conta uma consulta a cada dois meses, como faço. A recentralização estadual (ou intervenção federal) foram descartadas. Mas alguma coisa tem de ser feita para além das conversas do governo federal com Estado e município.

Pra tudo isso, é preciso paixão. Muita paixão. E o coração fica sempre muito sozinho. Também, neste quesito, não dá mais pra esperar rejeição. Se alguém sabe a melhor hora de contar a um(a) parceiro(a) que vive com HIV/AIDS, aproveita e me conta. A gente nunca sabe. Pra cada pessoa um tempo. Aí, diante disso, resolvi dedicar aos amigos, à família e aos estudos o amor, o afeto e o carinho.

É claro que não é igual (nem parecido) com tomar um chocolate quente acompanhado, debaixo do cobertor, numa noite fria de inverno. Ou molhar o lençol de suor durante uma sessão de sexo e prazer com a pessoa amada. Mas é assim mesmo. Um dia a gente encontra a outra metade. Ou não. Afinal, a vida é isso aí.

sábado, 22 de maio de 2010

Isto

Redemoinha o vento,
Anda à roda o ar,
Vai meu pensamento
Comigo a sonhar.

[...]

Vai saber de eu ser
Aquilo que eu quis
Quando ouvi dizer
O que o vento diz.

Fernando Pessoa: 5-9-1933.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Sobrinho de Kennedy escreve manual sobre a hepatite C

“C sua vida Mudasse” é o título do livro no qual Christopher Kennedy Lawford, sobrinho do ex-presidente J. F. Kennedy, com a colaboração da médica Diana Sylvestre, em forma de bate-papo, as experiências, as lutas e os êxitos que compartilharam juntos no combate à hepatite C.

Não se trata apenas de um depoimento testemunhal sobre a batalha contra o estigma social, a falta de informação, o medo e as frustrações que os portadores do HCV (sigla de vírus da hepatite C, em inglês) enfrentam, mas de um manual sobre a doença – com a perspectiva do médico e do paciente – que tem informações sobre o que é hepatite C, o que a doença causa, o que esperar durante o tratamento, como se comunicar com seu médico, as maneiras de conseguir apoio, entre outras.

Um exemplo de uma relação médico e paciente “azeitada” que a obra nos apresenta “nos faz repensar essa relação com instrumento motivador para o médico e renovador para o paciente”. O livro é um instrumento encorajador que mostra a importância de encarar o diagnóstico e o tratamento de frente e que é possível superar – se curar – sem se entregar à doença.

“C sua vida Mudasse” (2009) é vendido nas livrarias por R$ 29 (preço sugerido pelo editor).

Por Bianca V. Reis: jornalista, especialista em Comunicação e Saúde e mestranda em Informação e Comunicação em Saúde no Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (ICICT) da Fundação Oswaldo Cruz

sexta-feira, 26 de março de 2010

Game contra Aids ganha US$ 3,9 milhões

0 Eunice Kennedy Shriver National Institute of Child Health and Human Development garantiu um fundo de US$ 3,9 milhões para a Escola de Medicina da Universidade de Yale (EUA). No decorrer de cinco anos os recursos serão usados para desenvolver e testar um jogo online que será chamado de Retro-Warriors e que pretende ensinar adolescentes de diversos grupos étnicos como fazer escolhas saudáveis. A proposta é que os jogadores interpretem seus personagens em um universo virtual, aprendendo a evitar comportamentos de risco que podem levar à infecção pelo HIV.

Além disso, serão conduzidos estudos para tornar o ambiente virtual portátil e global, de modo que possa atingir países onde há maior crescimento da epidemia de AIDS mas que ainda contam com poucas estratégias de educação para redução dos riscos. Os colaboradores serão especialistas em desenvolvimento juvenil, teoria cognitiva social, desenvolvimento de inteligência artificial e profissionais de desenho de jogos (game design).

Talvez estejamos testemunhando um momento singular onde se anuncia a produção de um jogo voltado para a promoção da saúde com recursos suficientes para alcançar qualidades técnicas que rivalizem com os jogos comerciais.

Por Marcelo de Vasconcellos: designer gráfico, é doutorando em Informação e Comunicação em Saúde no Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (ICICT) da Fundação Oswaldo Cruz

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

O Carnaval se foi, faça o teste de Aids

Mais um Carnaval se foi. Mas, com o fim da folia de Momo, começa a tortura daquelas pessoas que por um motivo ou por outro não usaram preservativo nas relações sexuais. É que, passada a ressaca, muita gente põe a mão na cabeça e começa a se arrepender de não ter usado camisinha. Embora isso não aconteça somente após os quatro dias de esbórnia, nesse período pós-carnavalesco é que as consciências falam mais alto.


Pensando nisso, no último dia 6 de fevereiro, o Ministério da Saúde lançou, na vila olímpica da Estação Primeira de Mangueira, no Rio de Janeiro, a campanha de prevenção às DST/AIDS. Com cartazes, folhetos informativos, chamadas nas rádios e dois filmes para a TV, a mensagem deste ano foi dirigida a adolescentes de 13 a 19 anos. Nos últimos anos, a infecção por HIV vem crescendo entre meninos gays e meninas nesta faixa etária. O filme para gays tem uma tirada bem legal quando o rapaz puxa do bolso a camisinha e diz: “ah, é você?”. E a camisinha responde: “quem você pensou que fosse, sua identidade?” A frase serve, inclusive, para aqueles homens que fazem sexo com outros homens que não têm identidade homossexual. Muito boa.


Um terceiro filme foi feito para ser exibido após o Carnaval. Nele, a “camisinha” Luana Piovani, no criado-mudo do quarto de um sujeito que não consegue dormir porque transou sem proteção, aconselha às pessoas que também fizeram sexo sem proteção, que façam o teste de Aids. O filme fecha uma campanha bem elaborada, com textos diretos, sem preconceitos ou meias-verdades. Apenas duas coisas me incomodam. A primeira é que o teste não é de Aids, mas para detectar se a pessoa teve ou não contato com o HIV, por isso chamado teste anti-HIV. A segunda é que, apesar do teste ser oferecido sem custo nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) em todo o Brasil, ele não é gratuito. É pago com os nossos impostos. Assim como as propagandas que os governos fazem. Mas explicar isso não vem ao caso e a mensagem está correta porque não se deve pagar nada no posto público de saúde para fazer o teste.


Além disso, a campanha foi amplamente divulgada na TV, nas rádios, nas estações de embarque e desembarque de passageiros do metrô, em terminais de ônibus e em aeroportos. E a iniciativa do Ministério da Saúde de focar a campanha nas redes sociais da internet também foi uma grande tacada. Um único comentário é que a campanha não tinha nada de carnavalesca, ou seja, podia ser lançada e exibida em qualquer época do ano.

Um outro porém é a falta de grafismo nos cartazes. Se foram dirigidos às populações da faixa etária de 13 a 19 anos, devia ter mais grafismo, como a campanha francesa, pra lá de explícita, que está bombando na internet. Criado por Eric Holden e Rémi Noël para a ONG francesa AIDES, o filme mostra um pênis a procura de sexo num banheiro. E só consegue depois que uma garota lhe põe uma camisinha. É muito bom.


Para saber onde há um CTA na sua cidade, disque 0800 61 1997. A ligação é gratuita.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

O Big Brother, o fantasma da Aids e Foucault

Preconceito é horrível, principalmente quando vem da Alemanha, país que costuma despir-se de preconceitos justamente por ter apoiado o que gerou o holocausto. Aqui, o Big Brother Brasil 10 começou na terça-feira da semana passada. Enquanto era iniciado o Big Brother Brasil LGBT – sim, porque na “casa mais vigiada do Brasil” (aka Pedro Bial) a comunidade é maior que os 10% que se reivindicava da população – na Alemanha o participante tatuador desistiu de concorrer a um prêmio de 250 mil euros porque descobriu que o casal gay da casa é soropositivo. Preconceito é f***!

Como um tatuador de 41 anos, que teoricamente viveu a explosão da Aids dos anos 80 à metade dos 90, pode ser tão preconceituoso? Será que é preconceito meu achar que por ter vivido a pior época – a sentença de morte sem as drogas antirretrovirais – da epidemia o tatuador alemão não pode ter preconceito? Se o tatuador não usar luvas e agulhas descartáveis e separar as tintas em pequenas porções individuais, ele teoricamente também poderia transmitir ou infectar-se por HIV. Fico pensando em quantas pessoas soropositivas já tatuou. E me espanta mais ainda o fato de trabalhar com uma profissão de risco, cujos cuidados são fundamentais para evitar a propagação do vírus.

No BBB 8, uma participante falou que tinha perdido um amigo usuário de droga injetável por Aids. Mas o contexto ao que ela referiu foi tão surreal, pra dizer o mínimo, que foi amplamente ignorado pelos demais participantes e nem entrou nas edições da TV aberta. A Aids ainda não chegou à casa do BBB 10. Mas, no último domingo, enquanto se formava o primeiro paredão da edição, especulava-se no Twitter se Marcelo Dourado não estaria com AIDS. De fato, o “re-BBB” está com o rosto mais magro e exibe bem menos cabelo do que tinha na edição que participou, o BBB 4.

Mas Aids não tem cara. Quando as pessoas vão se acostumar com essa ideia? Aliás, a Aids pós-tratamento antirretroviral tem muitas caras, todas infinitamente diferentes daquela que Cazuza estampou na capa da Veja quando assumiu sua doença diante do Brasil. Atualmente, a cara da Aids é jovem, tem corpo musculoso; é velha, tem pneus na cintura, pernas finas e giba no ombro; é mulher, tem ombros largos e barriga que parece de gravidez. Mas a Aids tem a cara, preferencialmente, de quem procura a Aids na cara das pessoas. Porque é ela quem está mais vulnerável à Aids.

Adoro Big Brother. Já cobri vários. Alguns deles, começava a trabalhar às 8 da noite e só parava de manhã. Em noites mais movimentadas ia dormir às 2 da tarde porque o dia emendava a noite e eu simplesmente não conseguia parar de trabalhar. Fui eu quem deu a foto, reproduzida da TV por uma máquina digital que armazenava arquivos em disquete, da primeira relação sexual no BBB, se não me engano, a segunda edição. Já tive época de cobrir BBB e Casa dos Artistas juntos. Já trabalhei munido de um arsenal com um computador e um notebook conectados à internet, dois aparelhos de TV, um telefone fixo, um celular e um rádio, cobrindo os dois reality show simultaneamente. Comprei a maioria deles, perdi poucos. Não vou comprar a atual edição porque tenho de me dedicar ao meu mestrado.

Hoje assisto por diletantismo. Alguns amigos me criticam, não entendem como perco tempo com Big Brother. Gosto de BBB porque lá temos um laboratório espetacular para a análise do comportamento humano. Acho que meu filósofo preferido, o Foucault, também gostaria de Big Brother se ainda estivesse vivo, se não tivesse morrido de Aids em 1984, ainda nos primeiros anos da epidemia. Ele talvez dissesse que, no Big Brother, o discurso da sexualidade e da política são exercidos, de forma privilegiada, como “alguns de seus mais temíveis poderes”. E não ligo para o preconceito dos meus amigos que ainda não leram Foucault.