quarta-feira, 23 de abril de 2008
Da Capadócia, salve Jorge!
eu estou feliz porque eu também sou da sua companhia
eu estou vestido com as roupas e as armas de Jorge
para que meus inimigos tenham mãos e não me toquem
para que meus inimigos tenham pés e não me alcancem
para que meus inimigos tenham olhos, e não me vejam
e nem mesmo um pensamento eles possam ter para me fazerem mal
armas de fogo, o meu corpo não alcançarão
facas e espadas se quebrem, sem o meu corpo tocar
cordas e correntes se arrebentem, sem o meu corpo amarrar
pois eu estou vestido com as roupas e as armas de Jorge
Jorge é da Capadócia. Salve Jorge!”
(Jorge de Capadócia, Jorge Ben)
terça-feira, 22 de abril de 2008
As tribos que a Folha de S.Paulo não mostrou
Em Patients like me (pacientes como eu), a comunidade de pessoas vivendo com HIV/Aids (PVHA) tem 682 integrantes. Na página principal, as listas dos medicamentos mais tomados (Atripla, Truvada e Ritonavir) e a dos sintomas mais observados (fadiga, depressão e ansiedade). Na página de cada paciente, foto, ano de infecção, gráfico com o acompanhamento do CD4 e carga viral, as drogas prescritas, os primeiros sintomas, entre outros gráficos. Apenas quatro brasileiros estão registrados na comunidade, mas seus perfis não estão disponíveis.
A HIV/Aids Tribe (HIV/Aids Tribo) não traz gráficos, medicamentos nem lista de sintomas, mas tem galeria de fotos, amigos, grupos, fóruns e jogos on-line. A Webtribes, empresa responsável pela iniciativa, reúne comunidades para usuários de drogas, depressivos e ansiosos, separadamente. “Nós acreditamos que indivíduos se empoderam para se ajudar e aos outros quando sentem que são parte de algo maior”, afirma.
A Tribo, que é como seus integrantes chamam a comunidade, conta com mais de 3 mil pessoas cadastradas de todo o mundo. O portal tem sala de bate-papo, a possibilidade de mudar a cor do fundo do perfil, além de incluir lista de músicas, blogs, enquetes, lista de eventos e jogos. Na tribo há 19 brasileiros (tô lá!), não necessariamente PVHA porque a comunidade é para pessoas afetadas e infectadas. Patients like me e HIV/Aids Tribe não substituem médicos e os demais profissionais de saúde, mas são espaços de socialização interessantes da globalizada sociedade da informação.
No Brasil, o portal da Rede Nacional de Pessoas vivendo com HIV e Aids (RNP+) também tem sala de bate-papo. Mas a RNP+ tem tom mais político. Além de reproduzir diariamente as notícias sobre aids publicadas em português, eventualmente traz artigos de PVHA e entrevistas com ativistas da causa no Brasil. E tem nos documentos de seminários, nas atas das reuniões de suas representações e seu colegiado nacional, sua referência mais importante.
Além disso, estas Saudaids reúne blogs de PVHA brasileiras. É só clicar em Blogosfera PositHIVa.
domingo, 13 de abril de 2008
Campanhas de aids: alarmismo ou realidade?
Há alguns anos, o peso da espera pelo resultado de um teste anti-HIV foi tema de uma das campanhas produzidas pelo Ministério da Saúde. Na peça, um rapaz carrega um piano de cauda. Em outra campanha polêmica, a cantora Kelly Key comprava preservativos em uma farmácia. Os dois filmes foram rechaçados pela sociedade civil organizada que luta contra a aids no Brasil.
Somos um dos poucos países do mundo que produzem campanhas light de prevenção à aids. Apesar de elogiada por alguns, a campanha francesa que mostramos aqui, da ONG francesa Sidaction é um exemplo de como a aids é mostrada em outros países. O filme mostra uma orgia dentro de uma ampulheta. Nela, as pessoas fazem sexo desprotegido e corpos caem desfalecidos da parte de cima do marcador de tempo artesanal.
A sociedade civil brasileira é contra campanhas alarmistas. É que a grande maioria das pessoas que atuam na luta contra a aids no Brasil é da geração que viu Cazuza cadavérico, exposto na capa da Veja.
Está disponível no You Tube, uma campanha que mostra o flagelo de uma droga muito usada nas baladas norte-americanas. Tal como o crack, o Crystal Meth acaba com a pessoa em pouco tempo. Algumas dessas campanhas mostram o antes e o depois do uso da droga. Algumas dessas campanhas são de organizações da sociedade civil norte-americana que apelam para o tom alarmista na tentativa de conscientizar as pessoas não apenas sobre os efeitos físicos da droga, mas de seus efeitos psicológicos e do risco a que essas pessoas colocam suas vidas.
E você, é a favor de campanhas mais light, ou de campanhas que mostram a realidade da aids? Responda a enquete ao lado ou dê sua opinião nos comentários abaixo.
A dengue (cada vez) mais perto de SP
incompetentes por três vezes. A primeira, em 01 de maio de 2007
irresponsável telefonou ao denunciante defendendo o proprietário
A denúncia acima foi feita por escrito para os jornais O Globo e O Estado de São Paulo. Porém, assim como acontece com a aids, a dengue está perto do outro, nunca da gente mesmo.
sábado, 5 de abril de 2008
Suíça produz campanha polêmica de prevenção à aids
Em um deles, um casal gay de astronautas faz sexo na lua. No outro, um pesquisador heterossexual faz sexo com sua assistente dentro de uma caverna. Em outro, um casal de mergulhadores, também heterossexual, transa no fundo do mar. E, no último cartaz, Tarzan faz sexo com Jane no meio da selva.
A iniciativa do governo suíço em parceria com a Aids-Hilfe foi lançada na semana passada e está provocando a já tradicional polêmica. Segundo a versão em português da Swiss Info, o jurista Sigmund Pugatsch, de Zurique, classificou os cartazes como “obscenos”. Para ele, os outdoors são “representações que transgridem os limites da moral e da ética”, embora compreenda a intenção explícita da apelação.
Já no filme publicitário produzido para a TV, em 2006, duas mulheres lutam esgrima sem proteção, motociclistas correm sem capacete e jogadores de hóquei no gelo disputam um jogo sem a devida proteção. Todos os esportistas do comercial são exibidos nus. Não se vê nada além dos seios e parte das nádegas dos homens. A mensagem fica clara no final da peça, quando a legenda diz “no action without protection”, algo como “não faça nada sem proteção”.
Lá vem o Brasil, descendo a ladeira...
Uma das propostas da campanha brasileira para o Carnaval deste ano, não aprovada, deveria mostrar a cópula de animais e, no final, diria que no mundo animal, o uso da camisinha era dispensável, já no mundo humano, o hábito de usar preservativos era uma lição de vida. Infelizmente a campanha não foi aprovada por assessores do Programa Nacional de DST/Aids do Ministério da Saúde.
Na atual campanha de prevenção à aids entre gays, travestis e homens que fazem sexo com outros homens, só faltou colocar o rapaz nu de braços abertos, uma referência pra lá de clara a uma certa crucificação ocorrida, segundo a lenda, há mais de dois mil anos. Infelizmente, por aqui, a polêmica ficou com o piano, o Bráulio e a Kelly Key.
Senado rejeita MP que aloca recursos para campanhas da aids e da dengue
“01/04/2008 ATA-PLEN - SUBSECRETARIA DE ATA – PLENÁRIO
Situação: REJEITADA
6ª Sessão Deliberativa - Anunciada a matéria, é proferido pelo Senador Romero Jucá, Relator Revisor designado, o Parecer nº 216, de 2008-PLEN, concluindo, em análise preliminar, pelo atendimento dos pressupostos constitucionais de relevância e urgência e pela adequação financeira e orçamentária. Usam da palavra os Senadores Arthur Virgílio, José Agripino, Ideli Salvatti, Heráclito Fortes e Osmar Dias. Aprovados os pressupostos constitucionais de relevância e urgência e pela adequação financeira e orçamentária. A seguir, o Relator Revisor, Senador Romero Jucá se manifesta contrariamente quanto ao mérito da matéria. Usam da palavra os Senadores Arthur Virgílio, Cristovam Buarque, José Agripino, Flexa Ribeiro, Romero Jucá (Relator Revisor), Mário Couto, Marcelo Crivella, José Sarney e Epitácio Cafeteira. Rejeitada a medida provisória, ficando prejudicadas as emendas a ela oferecidas. À SCLCN, com vistas a Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização.”
O que significa isso? Significa que o senador Romero Jucá, líder do governo no Senado, forçou a rejeição da matéria. O pior é que o excelentíssimo parlamentar do PMDB está certo. A MP 400/2007 alocaria recursos para as campanhas de prevenção à aids e à dengue mas, também, recursos para a TV Brasil.
Ou seja, para constituir o capital inicial da TV pública, o governo usou as epidemias da aids e da dengue para também alocar recursos para a TV Brasil. E ainda querem um terceiro mandato para este governo. A rejeição foi publicada no Diário Oficial da União na sexta-feira (04/04), seção 1, página 1.
terça-feira, 1 de abril de 2008
Respostas a dúvidas sobre a aids
Sim. Não há nada que impeça uma pessoa com HIV ou aids de prestar um concurso público.
Sabemos que Renato Russo, Cazuza, Lauro Corona e Sandra Bréa, por exemplo, morreram de complicações ocasionadas pela aids. Mas, não estou aqui pra dizer se fulano ou sicrana tem ou não o HIV. O objetivo destas Saudaids é difundir opiniões e informações sobre questões relativas a campanhas educativas sobre aids e reunir pessoas vivendo com HIV e aids da blogosfera.
Tive um namorado que morreu de aids em 1984. Meu exame reagente só foi confirmado em 1988. Portanto, vivo há pelo menos 20 anos com HIV e 16 anos com aids. Conheço pessoas que estão vivas há mais tempo do que eu. As poucas informações que tenho me levam a afirmar que tudo depende de pessoa para pessoa, de como o emocional e o psíquico aceitam a infecção e a doença, de como o organismo aceita os antiretrovirais e do quanto a pessoa aguenta viver um tempo com os efeitos colaterais. Atualizado em 22/01/10: Entretanto, há cerca de dois meses, foi divulgado que atualmente a expectativa de vida de uma pessoa com HIV é de 35 anos depois da infecção.
Porque este é um termo que carrega preconceito, estigma e discriminação. Em países de língua portuguesa em que a sigla adotada é a SIDA, as pessoas até são chamadas de sidéticas. Nos países de língua inglesa, médicos ainda chamam seus pacientes de aidéticos. O politicamente correto é dizer que a pessoa tem HIV, é soropositiva, vive com aids ou é doente de aids. Só chame alguém de aidético se quiser ofender.
A diferença está nos níveis de células T4 no sangue. Se não me engano, o Brasil recomenda aos médicos que uma pessoa com células T4 menor que 200ml³ comece a fazer uso dos medicamentos antiretrovirais. As células T4 são as que controlam, por assim dizer, nosso nível de imunidade. Quando chegam a níveis menores que 200ml³, estamos sujeitos a contrair diversas doenças e sermos atacados pela síndrome de imunodeficiência adquirida, que no Brasil chamamos de aids. A partir do momento em que os serviços de saúde começam a disponibilizar as drogas anti-aids, os médicos são obrigados a notificar a pessoa com HIV, que passa a ser denominada pessoa com aids.
A rigor, não existe diferença nenhuma. A questão está na importância que damos à palavra em nossas vidas. Jornalisticamente, o correto seria escrever Aids e não AIDS, pois alguns manuais de redação pregam que toda sigla com mais de quatro letras deve ser escrita com a primeira em maiúscula e as demais em minúsculas. Outra corrente defende que, como a sigla é usada para definir uma doença, tal como câncer, tuberculose ou hanseníase, deve-se escrevê-la com minúsculas. Escrevo “aids” porque o valor que ela tem pra minha vida é minúsculo.
Veja também: Dúvida sobre AIDS tem resposta nas redes sociais