Em algumas horas começa a AIDS 2012 – XIX Conferência
Internacional de AIDS. Pelos monitores disponíveis na sala de imprensa se veem pessoas trabalhando nos últimos ajustes para a sessão plenária. No piso
superior, filas de delegados se formam para seus pegarem seus materiais e,
principalmente, seus crachás de identificação.
Pela manhã, participei de um evento satélite que pretende
criar uma rede latina que visa a um futuro sem HIV/AIDS nos EUA. Interessante a
fala de Kurt Organista, professor da escola de bem estar social da Universidade
da Califórnia. Segundo ele, a prevenção do HIV está baseada em 86% aos modelos
biomédicos e apenas 14% aos modelos das Ciências Sociais. Para Organista, os
modelos de prevenção deveriam basear-se 50% de cada um dos modelos.
Para a porto-riquenha Miriam Vega, vice-presidente e
diretora de pesquisa e avaliação da Comissão Latina sobre AIDS, criada no
Bronx, em Nova York, três contextos de vulnerabilidade são fundamentais para a
os crescentes índices de HIV/AIDS entre latinos nos EUA: avaliabilidade,
acessibilidade e aceitabilidade, que influenciam extremamente nos determinantes
estruturais: pobreza, estigma e criminalidade.
Nos EUA, a incidência e a prevalência do HIV crescem assustadoramente
entre latinos e diminuindo entre brancos, segundo informou Mario Perez, diretor
da Divisão de Programas sobre HIV e DST do Departamento de Saúde Pública do
Condado de Los Angeles, Califórnia, e responsável por um orçamento de US$ 100
milhões anuais. Segundo ele, latinos em LA preferem ser identificados como PVHA
a serem identificados como homossexuais, pois a homofobia é muito grande, levando
latinos à pobreza e à marginalidade. Perez terminou sua fala com uma
provocação: “quem são as vozes latinas em LA?”
Problemas decorrentes da imigração e da migração, tais como
isolamento, depressão, subemprego, pobreza, falta de moradia, prisão e deportação
são fundamentais para acrescer vulnerabilidade aos latinos nos EUA, segundo
Thomas Painter, do Centro de Controle de Doenças (CDC), em Atlanta. Para ele,
são necessários ações criativas para envolver as comunidades latinas afetadas
pela epidemia.
Os EUA têm mais de um milhão de pessoas vivendo com HIV e
AIDS, das quais 80% conhecem sua sorologia e apenas 33% estão em terapia
antirretroviral.
Participo de AIDS 2012 por indicação da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/AIDS (RNP+ Brasil) para compor a delegação oficial brasileira, com recursos do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde.
Um comentário:
Aguardo ancioso por notícias que venham promover a concientização, e responsabilidade de nossos governantes no sentido de mudarem o atual tratamento que vem sendo dado as PVHAs.
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