Estou arrumando as malas. Embarco à noite para Washington,
D.C., onde participo da XIX International AIDS Conference – AIDS 2012. Estava bastante esperançoso com
esta conferência, que não acontece nos EUA desde 1990. Minha esperança era
que fosse anunciada uma nova descoberta contra a AIDS, como aconteceu em 1996
em Vancouver, no Canadá, e que o presidente Barack Obama participasse da
cerimônia de abertura, dia 22. Afinal ele está em campanha eleitoral e pouco
antes da Conferência de Viena, realizada em 2010, os EUA retiraram as
restrições para a entrada de pessoas vivendo com HIV/AIDS no país, facilitando a realização desta em Washington.
Mas acabo de ler no The Washington Times que Obama será representado pela secretária de Estado
Hillary Clinton e a secretária de Saúde e Serviços Humanos Kathleen Sebelius. O
ex-presidente Bill Clinton e a ex-primeira-dama Laura Bush falarão na
conferência e suas presenças foram confirmadas anteriormente, como a de Bill
Gates e sir Elton John, por exemplo. A Fundação Clinton financia a aquisição de
medicamentos de comunidades africanas e pesquisas de vacinas contra o HIV; no
governo George W. Bush foi lançado o Plano de Emergência do Presidente para o Alívio
da AIDS (PEPFAR, na sigla em inglês). Segundo o jornal, a proposta de orçamento
de Obama para 2013 não contempla o PEPFAR, mas a Casa Branca reafirmou seu empenho
no combate à AIDS.
O Brasil não deve ser bem recebido em Washington, avalia Pedro
Chequer, coordenador do UNAIDS no Brasil, em entrevista publicada no blog do
jornalista Roldão Arruda. Para Chequer, ex-diretor do extinto Programa Nacional de DST/AIDS
(atualmente Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais), o país, que teve destaque em outras conferências pelo “pioneirismo
das políticas públicas de prevenção ao vírus e tratamento da síndrome [...] vem
perdendo a vanguarda na área de prevenção”, devido ao sucesso de grupos
religiosos que têm influenciado decisões governamentais contrárias à difusão de
informação correta sobre saúde pública às populações mais vulneráveis à
infecção pelo HIV.
Fui indicado pela Rede Nacional de Pessoas Vivendo com
HIV/AIDS (RNP+ Brasil) para compor a delegação oficial brasileira que participará
da conferência, com a missão específica de informar a rede sobre minhas
impressões das sessões plenárias, das apresentações de trabalhos, do que eu
ver. Vou tentar fazer isso por aqui e pelo meu twitter, pois o site da RNP+
Brasil está sendo reformulado.
Ontem, o laboratório Gilead Sciences anunciou
que os EUA liberaram o antirretroviral Truvada para profilaxia para reduzir o
risco de infecção pelo HIV, segundo informações da Agência Reuters. Um dia
antes do início de AIDS 2012, o Brasil inaugura fábrica de medicamentos antirretrovirais em Maputo, capital de Moçambique,
na África. A propósito do tema da conferência – “Revertendo a Maré em Conjunto”
–, a Sociedade Internacional de AIDS (IAS) e a Universidade da Califórnia (UCSF)
lançaram a Declaração de Washington, D.C, para acabar com a epidemia do HIV/AIDS, e que colhe
assinaturas online. Por isso, como anunciei no título, apesar da decepção com a
ausência de Obama e o que ela pode significar para o combate à epidemia não
apenas nos EUA, mas em todo o mundo, a esperança nunca morre.
Um comentário:
É muito bom saber que nosso Brasil esta sendo muito bem representado pela sociedade civil por alguém extremamente capacitado e envolvido pela causa.
Parabéns paulo!
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