Os meios de comunicação são muito engraçados, pra ser bem polite. Li na coluna 'Outro Canal', assinada pelo jornalista Daniel Castro, na Folha de S. Paulo, que a apresentação de 19 dos 20 candidatos que estarão na disputa pelo prêmio do reality show “No Limite 4”, da Rede Globo, foi atrasada. O motivo? Dos 19, “seis apresentaram problemas de saúde”, afirma o colunista. “Os exames realizados pela Globo revelaram que um deles tem HIV e que outro é cardíaco.”
Sabe o que é engraçado? É que no “Big Brother Brasil 9” uma das participantes tem diabetes. Inclusive, uma das broncas mais famosas do diretor do programa foi vista milhares de vezes no YouTube. Ana usava o alicate de unhas no pé de Naiá quando é ouvida a voz do diretor: “dona Ana Carolina, este é um aviso pra senhora e pra dona Naiá. Esse alicate não está esterilizado. A dona Naiá é diabética. Se esta merda inflamar, eu vou arrancar o seu braço. Então, para de brincar com o alicate”.
Quer dizer, a “emissora exige que os participantes de seus reality shows sejam saudáveis” para poder arrancar o braço deles. Ironias a parte, pode-se argumentar que “No Limite” é um reality no qual os participantes disputam prêmios em provas que exigem muito mais da resistência física do que o “Big Brother Brasil”, que é mais um jogo de estratégias de convivência.
O episódio revela que a Globo reflete o que acontece na sociedade: as empresas fazem o teste de HIV no exame médico admissional e editais de concursos proíbem o ingresso de soropositivos na carreira pública. Ambos são ilegais.
Assim como as empresas públicas ou privadas, a Globo não quer pessoas soropositivas em seu elenco. Mas, a próxima novela das 21h deve trazer, a exemplo de “Páginas da Vida”, depoimentos de pessoas portadoras de deficiência. Aí foram incluídas aquelas que adquiriram a deficiência pós-HIV. Parece que nós, pessoas que vivemos com Aids, somos incluídas apenas quando é para sensibilizar a sociedade. Na hora de nos ajudarem com acesso ao trabalho e a uma vida digna, não somos nada.
6 comentários:
Tive o prazer de te conhecer pessoalmemente Paulo, no IV Encntro de Jovens aqui de Curitiba.
Meus parabéns pelo seu artigo.
Realmente é isso mesmo que vc comentou; Só servimos para sensibilizar quem quer ganhar dinheiro. De resto ficamos de fora
Silmara Ribas
Cidadã Posithiva do Paraná
E desde quando um reality show é emprego? Concordo contigo que em questões de trabalho, as empresas não podem exigir teste HIV. Agora, tenho lá minhas dúvidas quanto ao "No Limite". Afinal, um soropositivo conseguiria ficar sem comer direito, passando aperto, entre outras coisas? Fora ter que tomar os remédios. Já parou pra pensar nas câmeras filmando isso pro Brasil e os outros participantes? Aí sim que esse cidadão não ia conseguir mais emprego mesmo, afinal, portar o vírus ainda traz estigma. Tive namorado +, trabalha em banco, e até hoje nunca souberam que ele é. Pra vc é fácil falar pq é ativista.
Querido Anônimo, não me lembro de ter dito que reality show seria emprego. Apenas relacionei a atitude do programa e o que acontece de fato na sociedade.
Acho que seria ótimo as câmeras gravarem as agruras de um soropositivo para todo o país ver, pois talvez as pessoas pudessem se conscientizar e usar preservativos em todas as relações sexuais.
Além disso, nem todo soropositivo necessita tomar os medicamentos antirretrovirais. Para que isso aconteça, é necessário que os níveis de CD4 no sangue estejam iguais ou abaixo de 350 células por ml³ de sangue.
Se pra mim é fácil falar é porque dou a cara pra bater e não aceito tapas gratuitos. Afinal de contas, também preciso trabalhar para viver, ou vc. acha que vivo de brisa?
Paulo,
solidária a sua luta
e ao seu ponto de vista!
Boa noite!!
Paulo,
o lacinho é nossa luta!
Faça o que quiser com ele!
Abraços!!
Amo um homem inteligente, carinhoso, bem humorado, solidário, competente, mas que p que resto do mundo é só o "aidetico", p mim é meu amor e um dos seres humanos que mais admiro na vida!
Parabéns pelo blog!
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