No último domingo (17), foi comemorado (lembrado, recordado, celebrado) o Dia Mundial pelos Direitos Sexuais e de Combate à Homofobia. Em alusão à data, o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS) lançou campanha na América Latina e no Caribe para promover os direitos humanos de homossexuais, transexuais e lésbicas. No Brasil, a campanha foi lançada no dia 14, durante o VI Seminário LGBT no Congresso Nacional, em Brasília. Além do vídeo abaixo, outros cinco vídeos podem ser vistos na página do UNAIDS Brasil no You Tube.
A campanha “Pelos Direitos Sexuais e pela Diversidade Sexual” quer chamar a atenção para os obstáculos que a “homo-lesbo-transfobia” criam para as respostas à epidemia de Aids na América Latina e Caribe. Dados disponíveis sobre o tema demonstrou que a prevalência do HIV varia entre 6 e 20% em homens gays na região, proporção muito maior se comparada com os 0,6% de prevalência de HIV estimados para a população em geral (15 a 49 anos) no Brasil.
A homo-lesbo-transfobia (aversão, ódio, medo, preconceito ou discriminação contra homens ou mulheres homossexuais e também pessoas trans e bissexuais) contribui para o aumento das novas infecções pelo HIV e também para mortes por Aids, uma vez que a discriminação dificulta o acesso à informação sobre prevenção e também afasta essas populações dos serviços de saúde, mesmo que testes e medicamentos sejam disponibilizados pelos governos.
Em 17 de maio de 1990, a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou a homossexualidade da lista de doenças mentais, razão pela qual neste dia se realiza o Dia Mundial pelos Direitos Sexuais e de Combate à Homofobia. Foi nesta ocasião que a OMS reconheceu que a orientação sexual não é uma “opção” e que também não se deve tentar modificá-la.
Elaborada pelos Escritórios para América Latina do UNAIDS e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a campanha foi elaborada com o apoio de redes de organizações não-governamentais como a REDLACTRANS (que mobiliza as populações trans da Região), a ASICAL (Associação para a Saúde Integral e Cidadania da América) e a LACCASO (Conselho Latino-Americano e do Caribe de Organizações Não Governamentais com Serviço em HIV/Aids).
Pedro Chequer, Coordenador do UNAIDS no Brasil, responsável pela adaptação da campanha, destacou que a “iniciativa busca dar visibilidade ao tema da discriminação e estigma como um fator acrescido de vulnerabilidade à infecção pelo HIV e estabelecer de modo mais permanente o debate social com vistas ao seu definitivo equacionamento”.
A questão homo-lesbo-transfobia passou sutilmente pelo “Profissão Repórter”, programa do experiente jornalista Caco Barcellos na TV Globo, que coloca jornalistas em começo de profissão em reportagens mais abrangentes. Na última terça-feira (19), com reportagem sobre escolas na periferia de São Paulo, o programa abordou um tema que é tabu no jornalismo. E mostrou uma família ainda inconformada com a morte de um menino de 14 anos que se suicidou por não aguentar mais ser discriminado e chamado de “bicha” na escola.
Atualmente, a escola é a maior referência educacional, uma vez que pais e mães que trabalham durante todo o dia deixaram à instituição e aos professores a tarefa de lapidar os filhos. Neste caso, como em muitos outros, além da escola, a discriminação e o preconceito é um “defeito hereditário”.
Porém, independentemente de “defeito” ou quaisquer outros adjetivos que possam ser dados, os programas de educação sexual nas escolas têm de ser fortalecidos e efetivamente implementados com a urgência que se faz necessária, ou estaremos dando suporte moral a uma nova geração preconceituosa.
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