sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Bolivianas

A Bolívia vive uma de suas piores crises institucionais deste século, deflagrada pelos conflitos gerados com a maior ou menor receita de imposto das regiões para o governo federal, proposta pelo presidente Evo Morales.

Na semana passada, recebi a nota “Unidade na Diversidade”, elaborada ao final do 8° encontro boliviano de pessoas vivendo com HIV/AIDS realizado em Tarija no final de agosto, onde anteontem houve depredação de parte do gasoduto Brasil-Bolívia. Emocionante, o documento já previa o confronto entre bolivianos e, de tão forte, traduzi para o português e o publiquei na página da RNP+ Brasil. Sobre a tradução e publicação do texto, Gracia Violeta Ross, representante nacional da REDBOL (Rede Boliviana de Pessoas Vivendo com HIV/AIDS) disse que devemos aprender a lutar contra os verdadeiros inimigos [que no caso das pessoas soropositivas é o HIV]. “Bolívia está a ponto de dividir-se por causa do poder”, escreveu ela.

Hoje recebi o link de spot com a assinatura do Ministério da Saúde e dos Esportes da Bolívia contra a homofobia e a transfobia. Entre a população LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais), o ódio dirigido à comunidade é um dos principais fatores de vulnerabilidade ao HIV. Na Conferência de AIDS do México, o coordenador do Programa de AIDS mexicano disse numa plenária que homossexuais masculinos têm na América Latina 30% a mais de chances de contrair o HIV do que em outros continentes.

Veiculado na Bolívia por ocasião do Dia Mundial contra a Homofobia e a Transfobia (17 de maio) e Dia Mundial do Orgulho Gay, Lésbico e Trans (28 de junho), o spot tem 43 segundos e foi incorporado nesta semana ao YouTube.



Não conheço a Bolívia, mas imagino que a maioria dos bolivianos seja tão machista quanto a maioria dos brasileiros. Por isso, o spot me surpreendeu. Feito com testemunhais de homens e mulheres, jovens e maduros, lésbicas, gays, bissexuais e transexuais, a peça marca delicadamente a luta contra o preconceito e o estigma não apenas no país andino, mas em toda a América Latina.

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