“O papa vive no século XXI?”, questionou Alain Fogue, do Movimento Camaronês pelo Acesso aos Tratamentos (MOCPAT). Durante a viagem que fez ontem do Vaticano a Camarões, Bento XVI disse que a AIDS “não pode ser derrotada com a distribuição de preservativos”, mas que “aumenta o problema”.
“Queira ou não, de cada 100 católicos, 99 usam preservativo. O papa deve entender que a carne é fraca! Será que o papa desconhecia, ao chegar a Camarões, que as pessoas soropositivas representam um número importante da população?”, acrescentou o ativista africano, segundo a Agência France Press (AFP).
Eric Chevallier, porta-voz do ministro dos Negócios Estrangeiros da França, manifestou a “mais viva inquietação” diante das declarações papais. “Não nos cabe julgar a doutrina da Igreja, mas consideramos que tal proposta põe em risco as políticas de saúde pública e os imperativos de proteção da vida humana”, disse o francês à Rádio e Televisão Portuguesa (RTP).
Mas, por quê o ministério de Negócios Estrangeiros faria uma declaração relacionada à saúde pública? Ora, simplesmente porque, com os 900 milhões de euros nos últimos três anos de contribuição ao Fundo Global de Luta contra a Aids, a Tuberculose e a Malária, a França “é o segundo contribuinte mundial e o primeiro europeu”.
Acostumados com as declarações a respeito da procriação e da sexualidade humanas, ativistas e o governo brasileiro não se pronunciaram. Mas deveriam, pois a próxima visita do pontífice na África será em Angola, país com o qual o Brasil mantém relações de cooperação em questões relacionadas ao HIV/AIDS. Entretanto, o médico sanitarista Pedro Chequer, coordenador do UNAIDS no Brasil classificou as declarações papais de “genocidas”.
“É lamentável que após toda a luta da sociedade para o controle da aids tenhamos uma pregação genocida. Há segmentos que só reconhecem os erros após cinco séculos, só que lidamos com um bem maior que é a vida e não podemos esperar cinco séculos”, afirmou Chequer ao jornal O Estado de São Paulo.
Não é à toa que a Igreja vem, há décadas, perdendo fiéis em todo o mundo. A cada declaração papal a humanidade se depara com uma possível resposta à questão de Fogue: o Vaticano jamais sairá da Idade Média.
2 comentários:
É um grande absurdo a declaração genocida do Papa Bento XVI. Como se já não bastassem os dogmas medievais ampla e loucamente defendidos pela Igreja Católica. É denúncia para ser levada à Anistia Internacional, pois é uma grande falta de respeito com a humanidade.
o "santo" Papa precisa se confessar com Deus e pedir perdão à Humanidade pelo grande pecado da declaração.
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