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A atriz Sharon Stone, em foto Steve Shapiro/IAS |
Vestida com um pretinho básico, mas com um reluzente colar
de brilhantes, a atriz Sharon Stone abriu há pouco a AIDS 2012. Logo em
seguida, entregou o prêmio Liz Taylor a dois ex-prisioneiros do Irã, pela luta
deles pelos Direitos Humanos. Um vídeo com imagens de diversos momentos lembrou
o envolvimento de Taylor contra a AIDS.
Depois de 22 anos, é a primeira vez que uma conferência de
AIDS volta a ser realizada nos EUA. A próxima, em 2014, será em Melbourne, na
Austrália. Mas, enquanto apenas inicia-se esta 19ª conferência internacional
para a qual 10 mil resumos de trabalhos científicos ou de experiências exitosas
foram submetidos, 20 mil delegados de 200 países são esperados além de 800
bolsistas, mais de dois mil jornalistas e 700 voluntários para 250 sessões,
cerca de 300 atividades na Aldeia Global e de 150 sessões satélite que se
iniciaram no meio da semana.
Segundo comunicado do Centro de Mídia de AIDS 2012, a conferência
internacional volta a solo americano em um momento definitivo para a epidemia
de AIDS nos EUA. Neste mais recente comunicado os números foram refeitos para 23
mil delegados de 195 países, o que não interessa muito, mas dá pra saber a
dimensão de uma conferência deste porte. O objetivo final permanece o mesmo:
dar fim à epidemia de AIDS que há mais de 30 anos já ceifou milhões de vidas em
todo o mundo.
“Voltamos aos EUA depois de 22 anos, num momento de grande
esperança, pois acreditamos na possibilidade de acabar com a AIDS”, disse Elly
Katabira, presidente internacional de AIDS 2012 e da Sociedade Internacional de
AIDS (IAS, na sigla em inglês, instituição organizadora das conferências de
AIDS). Exultante, Katabira acredita, ainda, que esta conferência é uma
excelente oportunidade para agradecer e mostrar ao povo norte-americano os
milhões de vidas salvas graças à ajuda dos EUA na luta mundial contra a AIDS e
nas pesquisas sobre o HIV.
A co-presidente norte-americana da conferência, Diane Havlir
afirmou que houve um grande progresso sobre a epidemia nos últimos 30 anos, mas
que não é possível permanecer assim. “Minha mensagem para todos os legisladores
do mundo que estão em D.C. é que invistam em ciência, invistam na epidemia –
vocês vão salvar vidas”, pediu Havlir.
Ela e Katabira pediram aos delegados presentes e aliados
em todo o mundo que assinem a Declaração de Washington,D.C., que convoca à renovação da urgência e busca obter amplo apoio para
poder acabar com a epidemia de AIDS.
“Nos 22 anos que se passaram desde que a conferência foi
realizada em solo americano tivemos alguns êxitos esperados no campo da ciência
e do tratamento”, disse Kathleen Sebelius, secretária norte-americana de Saúde
e Serviços Humanos. “Mas este não é o momento de mudar o foco. Para alcançar
nosso objetivo, que é chegar a uma geração sem AIDS, devemos fazer mais – para alcançar
inclusive a mais pessoas, para que os programas sejam mais efetivos e
responsáveis, para avançar ainda mais no campo da ciência.”
“Há um progresso sustentável na resposta à AIDS que acelera
nosso caminho para chegar a zero transmissões por HIV”, afirmou Michel Sidibé, diretor
executivo do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS). “A
luta contra a AIDS tem mostrado o caminho para mudar o rumo. Temos a
responsabilidade de assegurar que as lições apreendidas no campo da AIDS
informem e melhorem nossos esforços para alcançar outros objetivos, sobretudo a
erradicação da pobreza”, disse Jim Yong Kim, presidente do Banco Mundial.
Falaram, ainda, durante a abertura de AIDS 2012, Vincent Gray,
prefeito de Washington, D.C., o secretário geral da ONU Ban Ki-moon (por mensagem
e vídeo), a congressista norte-americana Barbara Lee, e o embaixador do
Zimbábue Mark Dybul. A última conferência internacional de AIDS foi realizada
em 1990 em San Francisco e foi proibida de ser realizada nos EUA por causa da
restrição à entrada de pessoas infectadas pelo HIV ou doentes de AIDS no país.
Apenas após a derrubada desta restrição, em 2010 é que a IAS permitiu a
realização de uma nova conferência em solo norte-americano.
Participo de AIDS 2012 por indicação da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/AIDS (RNP+ Brasil) para compor a delegação oficial brasileira, com recursos do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde.